Caros amigos Tri-colores, como previsto, após a eliminação
no Paulista, uma nova crise se instalou no Morumbi. Rapidamente, nossa
diretoria resolveu agir e, de forma unilateral, afastou Paulo Miranda, em dia
de jogo importante pela Copa do Brasil, deixando recair sobre o atleta toda a responsabilidade
pela derrota contra o Santos. Esta ação gerou grande desconforto no elenco, que
não se apresentou bem diante da Ponte Preta e sofreu novo revés. Até aqui, sem
grandes novidades. São os fatos que todos discutem há uma semana.
Contudo, gostaria de propor uma nova reflexão baseada na
pergunta: onde, exatamente, está o problema do São Paulo?
Sim, eu poderia ter questionado de forma mais especifica. Porém, a amplitude foi
proposital. Não creio que analisar apenas os últimos resultados, o desempenho
de um ou outro jogador ou do treinador seja suficiente para determinar com
precisão os motivos dos nossos insucessos. Precisamos “sair da caixa”, avaliar “o
todo” no que tange a categoria principal de futebol do São Paulo.
Para isto, o primeiro passo é definir os papéis e suas
respectivas atribuições. Em resumo e de acordo com as políticas de
administração Tricolores, a diretoria é responsável pelas contratações, desde o
treinador, passando pela comissão técnica, até os jogadores. O técnico e sua
comissão são responsáveis por orientar e avaliar os atletas, treinar o elenco,
definir o esquema tático, assim como, o time que entrará em campo. Por fim, os
atletas devem executar aquilo que foi determinado pelo treinador e sua comissão.
A busca pela vitória e o comprometimento com a instituição são obrigações que
TODOS devem ter. Com estas definições em mente e considerando ações e
resultados obtidos desde 2008, ano da nossa última conquista, vamos segmentar
nossas avaliações:
Diretoria
Após a saída do Muricy, em aproximadamente três anos e meio,
ou seja, quarenta e dois meses, foram alocados seis treinadores diferentes para
o time principal (Milton Cruz, Adilson Batista, Sérgio Baresi, Ricardo Gomes,
P. C. Carpegiani e Emerson Leão). Em média, uma troca de técnico a cada sete
meses. Não há como dar continuidade a um
trabalho com esta frequência de alterações no comando. Também, é preciso dizer
que alguns destes nomes não possuíam Know How ou bagagem suficientes para
assumir uma equipe do quilate Tricolor. Adilson Batista e Sérgio Baresi são bons,
ou melhor, maus, exemplos disto. Até aqui, Emerson Leão vem apresentando os melhores
resultados. Contudo, ainda aquém das expectativas da torcida, que anseia pelo
fim do abstinência de títulos.
No que se refere as contratações e jogadores promovidos da
base, a situação piora ainda mais. Por posição, temos:
Goleiro: Denis
Zagueiros: Edson
Silva, Paulo Miranda, Luiz Eduardo, Renato Silva, Xandão, Alex Silva, Rodholfo
Laterais Direto: Cicinho,
Ivan Piris, Douglas, Adrián González, Wagner Diniz
Laterais Esquerdo: Cortês,
Juan, Junior Cesar,
Meio-campistas: Arouca,
Fabrício, Maicon, Denílson, Cicero, Jadson, Lucas, Wellington, Casemiro, Cañete,
Rivaldo, Marcelinho Paraíba, Léo Lima, Carlinhos Paraíba, Cleber Santana,
Rodrigo Souto,
Atacantes: William José, Borges, Luiz Fabiano, Washington, Osvaldo, André Luiz, Fernandinho,
Fernandão.
Caso não tenha me esquecido de alguém, foram quarenta e uma contratações
ao todo, ou seja, em número de jogadores, praticamente, quatro times completos.
Entretanto, quais, realmente, foram efetivas? Em minha opinião, apenas Luiz
Fabiano, Lucas, Rodolfo, Cortês, Casemiro e Wellington mostraram algum
resultado. Em resumo, seis em quarenta e uma ou, aproximadamente, 15%. Um
percentual pífio até mesmo para clubes menos estruturados.
Treinadores
Considerando o plantel de jogadores que a diretoria disponibilizou
e o tempo de permanência dos treinadores desde 2009, podemos perceber que não seria
possível esperarmos muito. De qualquer forma, a falta de opção e de qualidade
dentro do elenco forçou os treinadores a se tornarem “professores Pardal”. Cada
um que passou pelo comando do time Tricolor fez diversas experiências na
tentativa de suprir as deficiências técnicas. A partir daí, não soubemos mais
qual era o time titular do São Paulo. A cada rodada, a cada campeonato, uma
formação tática diferente, jogadores diferentes e, dia após dia, o Tricolor foi
perdendo sua identidade, suas características e se tornou um time apático.
A diretoria percebeu isto e resolveu reformular. Trouxe o
Leão para chacoalhar o ambiente. Ele conseguiu. Ao menos, ele resgatou a raça,
o comprometimento do elenco e algum padrão de jogo. Hoje, observamos um time
mais “pegador” mais “cascudo”. Longe do que esperamos do Soberano, mas já com certa
evolução. Porém, nada acontece de um dia para o outro. A equipe tomou forma, agora
é necessário alguns ajustes pontuais, que devem ser realizados pelo técnico.
Para isto, é necessário tempo e muito treino, ou seja, é preciso dar continuidade
ao trabalho.
Jogadores
Ao analisar os jogadores que foram contratados ou promovidos
para o elenco principal desde a conquista do último Campeonato Brasileiro, é
preciso considerar a capacidade técnica de cada um, ou seja, é importante conhecer
o limite de cada atleta. Em tempo, a questão é: como determinar isto? Vamos
assumir como parâmetro de comparação a melhor fase que cada jogador teve em sua
carreira. Para evitar um longo e tortuoso trabalho que passaria pelos quarenta
e dois nomes que citei anteriormente, vamos apenas analisar alguns que
ainda compões o elenco atual: Fernandinho, Piris e Cortês.
Fernandinho, em sua melhor fase no Grêmio Barueri que,
inclusive, motivou sua contratação pelo São Paulo, não teve melhores atuações
do que as atuais. Ele está em sua melhor condição física e técnica. Quanto ao
Piris, certamente, nosso lateral-direito, que se auto-intitulou “o melhor
marcador das Américas”, teve dias melhores no Cerro. Mesmo assim, ao enfrentar
o Santos na libertadores de 2010, tomou um baile do Neymar. Para finalizar,
Cortês, que esta vivendo sua melhor fase. Chegou e tomou conta da lateral-esquerda
que, desde a época do Junior, não tinha dono absoluto. Cortês está em ascensão e ainda não encontrou seu limite. Podemos
esperar muito deste grande jogador.
Conclusão: não adianta esperar do Fernandinho e do Piris
algo que eles não podem dar. Dentro das limitações de cada um, estão jogando o
seu melhor. Se o melhor destes jogadores não atende às expectativas do clube e
da torcida, o erro foi de quem os contratou. Por outro lado, também temos
casos mais isolados, como o do Jadson, que está muito abaixo de sua forma
ideal. Este, sim! Precisa ser cobrado fortemente pois pode contribuir muito mais.
A Cesar o que é de
Cesar.
Por fim, caros amigos, precisamos dar “a Cesar o que é de
Cesar”, ou melhor, “a Juvenal o que é de Juvenal”. Após todos os dados e fatos
expostos acima, concluo que a causa-raiz de nossas dificuldades é a gestão. O
narcisismo de nossa diretoria, vem prejudicando, a cada dia, nosso Tricolor. Saímos
do status de “modelo de gestão” para uma “administração retrógrada”. Frequente mudanças
de técnicos, contratações ineficazes, interferências constantes da diretoria no
dia-a-dia do time principal, declarações públicas contraditórias e demonstrações
de poder desnecessárias por parte do nosso presidente, tornaram o São Paulo apenas
mais um time grande dentro do contexto nacional, sem nada que o diferencie dos
demais. Caso não haja uma mudança de postura rápida na cartolagem Tricolor, continuaremos
enfrentando dias difíceis no Morumbi.
Amplexos!
Amplexos!
caro amigo, essa atual diretoria é uma lástima. Cartolagem ao extremo, temos dentro do Morumbi um Eurico que não é malandro....ai ai ai está faltando um jogador de criação a muito tempo, a falta de um jogador que pense como a jogada vai se finalizar em gol é caso raro dentro do Tricolor desde Danilo....os jogadores conseguem ser muito mais que qualquer diretoria. Existe um enorme conformismo isso sim..... e começa pelos torcedores...se a insatisfação é geral que todos comecem a entoar isso nos estádios.
ResponderExcluirMustang, tks pelo comentário.
ExcluirConcordo contigo. Precisamos, de forma articulada e assertiva, expor nossas opiniões e insatisfações, através de todos os meios possíveis.
Muito interessantes suas colocações. Muito boas as observações. Um são-paulino bem consciente que quer o melhor pro seu clube, o melhor pro seu time. Parabéns, grande abraço, João Carlos
ResponderExcluirJanca, tks!
ExcluirO objetivo é realmente este, avaliar, comentar, elogiar e criticar, sempre de forma construtiva, os fatos relacionados ao SPFC.
Um abraço,
Ottoni
Carlos, me venho fazendo essa pergunta há muito tempo... E cheguei a conclusão que o errado é a postura do clube em relação aos seus jogadores... Por exemplo, como você explica o Juan não ter jogado nada no SP e virou titular absoluto do Santos? E o Borges? O Arouca? O Alan Kardec (se compararmos com a época do Vasco)? Creio que qualquer jogador hoje do SP seria titular absoluto em qualquer outro time. O problema, creio eu, é a postura do time frente aos jogos. O ambiente. Li a entrevista recente do René Simões e ele diz tudo. Da reformulação do conceito de futebol que pretende fazer no SP. To com ele!!!
ResponderExcluirCaro amigo,
ExcluirTambém, concordo completamente com a filosofia e projeto que o Renê esta começando a implantar no SP. Porém, os resultados derivados destas ações surgirão em longo prazo, algo em torno de cinco ou seis anos. Por outro lado, precisamos de algo mais imediato, em médio prazo. Para isto, precisamos dar continuidade ao trabalho atual. Uma nova mudança significaria mais um período, de alguns meses, de adaptação e, talvez, durante este processo, poderemos perder as chances de lutar pelo Brasileiro e Copa do Brasil. Sendo assim, precisamos apoiar o trabalho em curso pois, entre tudo o que esta sendo especulado, é a que trará o menor risco para a temporada.
Um abraço,
Ottoni